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Por Igor Prado

O lançamento está previsto para o dia 20 de outubro.

Dois anos após a morte, e doze anos após o fim de sua carreira ficcional, Kurt Vonnegut será ressuscitado. A editora norte-americana Delacorte Press escolheu o mês de novembro para lançar o póstumo Look at the Birdie, coletânea de catorze contos inéditos do autor. No ano de 2006, ele relia seu réquiem literário em um artigo de tom confessional: “Escrevi livros. Um monte deles. Eu fiz tudo que deveria fazer. Posso ir pra casa agora?”. Não, Vonnegut, não pode. Se é na idéia de um homem que repousa a eternidade, sua morte é reduzida a leve sono. E você vai acordar.

Mestre em acobertar a ironia de seus escritos em uma doce camada de empatia por seus personagens, Kurt Vonnegut ainda é uma peça torta no quebra-cabeça dos estilos literários. Não é um escritor de ficção científica. Tampouco um reles pacifista que transforma o texto em panfletos. Já o alegado pós-modernismo autobiográfico de seus livros sempre apanhou, ao menos nos detalhes, para qualquer uma das entrevistas em que resgatava o episódio – e sempre resgatava.

O escritor presenciou um dos momentos mais aterrorizantes da Segunda Guerra Mundial – o bombardeio regado a fogo da cidade de Dresden, na Alemanha, retratado em Slaughterhouse Five, Matadouro 5 . Eu tinha quinze anos quando comprei e li a obra, no infame formato pocket da editora L&PM. A minha intenção, frente à estante de livros de uma banca de revistas, era levar ficção científica pra casa. Meu dedo repousava sobre títulos de Asimov.  Mas ao passar os olhos sob a contracapa de Matadouro 5, e ler sob viagens no tempo e outros planetas, escolhi Vonnegut.

Boom.  Com a imagem da cidade de Dresden em chamas, derreteu-se também minha concepção de escrita. Acostumado aos roteiros bem delineados e sólidos, me realizei com a leitura de um romance sem capítulos lógicos, sem começo-meio-fim, e em um palco onde protagonistas e figurantes trocavam constantemente de papel. É a marca maior de Vonnegut: uma liberdade na organização do texto que, em uma extensa bibliografia, encontrou mais erros que acertos. Mas que acertos.

O próprio Slaughterhouse Five é o maior exemplo. Muito mais que ficção científica. A cada página de leitura, os extraterrestres e o Planeta Tramalfadore do livro pareciam mais próximos da realidade. Tratando de problemas não de outro mundo, mas deste. Guerra, morte, genocídio. Vonnegut tratava de alguns dos temas mais pesados da história humana, com a beleza e o romantismo de um garoto de 15 anos- que, como eu, às vezes procurava no céu respostas fantásticas para problemas mundanos.

O robô e o humano

Foi meu trunfo não ter levado Asimov pra minha biblioteca, no dia de minha compra. Vonnegut elevou o nível de um livro com características de ficção científica para onde o primeiro, com seus robôs e racionalismo hermético, jamais conseguiu chegar. Com discursos tão diferentes, a minha surpresa e susto foram observar que, entre eles, existiam várias proximidades em suas biografias.

Possuíam os dois, raízes em inimigos históricos dos EUA. Vonnegut vinha de uma família germânica enquanto Asimov nascera na Rússia, mas serviram ao exército americano na Segunda Guerra Mundial. Ambos eram agnósticos, escolhendo o termo “humanista” como melhor denominação – os dois, aliás, presidiram a American Humanists Association. Compartilhavam, até, da honra de ter asteróides batizados em sua homenagem – 25399 Vonnegut e 5020 Asimov.

Mas por mais que os caminhos se cruzem, existe um abismo entre suas obras. Os alienígenas, as viagens no tempo e as bizarras armas secretas de destruição em massa (como o Gelo 9, de Cama de Gato) dos livros de Kurt Vonnegut eram meras alegorias para mensagens muito mais subjetivas. Em contraposição ao racionalismo tacanho de Asimov, que procurava responder todas as questões através de metáforas políticas baseadas no desenvolvimento científico, Vonnegut estranhamente  jogava no campo oposto. A biografia, o pessoal das experiências traumáticas de guerra, se esparramava por suas páginas.

Sinais de cansaço

Franzino, fumante irremediável e de vida pessoal extremamente conturbada, Vonnegut conseguia despertar em mim a imagem de um escritor que sofria por digladiar diariamente um pessimismo e um amor incondicional pela raça humana. E os contrastes de tal fotografia ficam ainda mais fortes ao observarmos o que caminho que o pequeno homem de bigode trilhou guiado por suas palavras.

A esperança pelo homem, ainda que controverso em todas suas declarações por apegos a certos conceitos deterministas, está no Vonnegut ficcional, eternizado em seus livros. Já o pessimismo se encontra quando o autor de romances desce o salto de capa-dura e se localiza nas críticas políticas. Mais localizado no contemporâneo, em seus últimos anos foi ferrenho opositor do governo de Bush, principalmente em colaborações para a revista In These Times, da qual era editor sênior.  

Eu não renego ou refuto a influência que um escritor exerce na opinião pública ao externar abertamente suas posições políticas. Mas no caso de Vonnegut, foi a pior escolha possível. Em 2005, ao ser entrevistado David Nason, do The Australian, disse admirar terroristas do Oriente Médio por “morrerem pelo que acreditam”. Controversa frase que, em uma ironia, indicava desconhecimento dos americanos em relação aos seus inimigos – e conseqüentemente, da razão do conflito.  Obviamente, foi rechaçada pela crítica.

Mas ao final de uma conta incerta, o erro do Vonnegut ensaísta foi eleger Bush como mote e destinatário de suas palavras. Não por ser o ex-presidente norte-americano, mas por ser alguém. Abriu brecha para que toda sua obra fosse parafraseada em trovas políticas alheias.  E aqui perdeu ele e seus fãs mais atenciosos, que viam o valor universal de seu trabalho diminuído ao situacional. Vide Michael Moore que, em seus discursos, vira e mexe citava e continua a citar trechos de livros do autor.

Kurt Vonnegut se despediu da ficção em 1997, com Timequake, Tremor de Tempo. A editora Delacorte Press ainda não divulgou maiores detalhes sobre quando os contos póstumos de Look at the Birdie foram escritos. Portanto, para os leitores, resta esperar ansiosamente os seis meses até o lançamento. Comigo, guardo a vontade inesperada de rever o Vonnegut dos meus 15 anos. Porque a alma do autor está lá. Quando era menos ideologia, e mais disposição filosófica. Oferecendo-me não respostas, mas perguntas. “So it goes”.

Agradecimentos

Nós do NovesFora agradecemos a todos os blogs que repercutiram o texto do Lucas sobre o péssimo – e aparentemente desonesto – trabalho que a editora Landmark vem fazendo ao editar as obras da Jane Austen.

Para um projeto recém-iniciado como o nosso, é crucial contar com a divulgação de gente que está na blogosfera há mais tempo. Além disso, é por conta de vocês que conseguimos com o post alcançar um debate de alto nível. Justamente o que  buscávamos ao começar o NovesFora: interlocutores inteligentes.

Nossos sinceros agradecimentos.

 

O papel pedagógico dos blogs, em Não gosto de plágio, de Denise Bottmann:

“Acalorado debate sobre os méritos e deméritos das más traduções e dos plágios em NovesFora […]. O responsável pelo blog, aliás, está de parabéns por sua quase infinita paciência com os mais exaltados. Uma bonita lição de civismo.”

 Dicas e avisos, no Jane Austen em português, da Raquel:

“Texto imperdível de Lucas Rizzi no blogue NovesFora sobre as péssimas traduções e/ou plágios”

Enfim serenidade, no Azul de Setembro, de Mara Vanessa:

“Por muito tempo, eu acreditei que não estava dando o devido valor à obra [Persuasão]. Confiei que estava menosprezando um livro cercado de maturidade, que trazia minha heroína (minha querida Jane) na sua melhor forma […]. Passou o tempo, o outono foi embora (talvez, um dia, ainda fale sobre isso) e, eis que de repente, encontro no blog da Raquel um link direcionando ao NovesFora, onde encontrei a redenção pelo texto de Rizzi. Sensacional!”

 

Por Lucas Rizzi

abadiaDas seis obras completas da novelista britânica Jane Austen, duas delas, A Abadia de Northanger (1818) e O Parque de Mansfield (1814), provocam dor de cabeça em seus admiradores. Editadas há décadas no Brasil, ambas sumiram do mapa há tempos. Não adianta vasculhar em livrarias e nem nas prateleiras mais empoeiradas dos sebos. Esqueçam, porque nesse palheiro não tem agulha. Só com uma generosa dose de sorte é possível encontrar um desses títulos no país, ou então na forma de e-books, e mesmo assim, apenas depois de muito suor.

Mas o ano de 2009 será de novidades para os fãs da escritora. Não é que a Landmark, que tem em seu catálogo dezenas de livros em edições bilíngües, resolveu ressuscitar essas duas raridades? Conforme já anunciado em seu site oficial, a editora irá relançar A Abadia de Northanger ainda neste mês, e O Parque de Mansfield em agosto. Boa notícia para os fãs? Nem tanto.

Explico. Em 2007, essa mesma editora publicou outra obra da escritora, Persuasão (1818), seu último romance. E o resultado não foi dos melhores. Mas antes de tudo, vale contar a sua história. Afinal, um pouco de Jane Austen nunca é demais.

Em Persuasão, diferente dos outros livros da autora, a protagonista, Anne Elliot, é uma mulher já amadurecida, beirando os trinta anos. Não possui a personalidade impetuosa e irônica de Elizabeth Bennet, o caráter apaixonante e inconsequente de Mariane Dashwood ou a excessiva cautela e zelo de sua irmã, Elinor – para ficar nas heroínas mais conhecidas, de Orgulho e Preconceito (1813), e Razão e Sensibilidade (1811).

Quando jovem, em nome da honra de sua família, Anne é persuadida a romper seu compromisso com o militar Frederick Wentworth, um homem até então sem posses. Oito anos depois, quando se passa a história, seus sentimentos voltam à tona ao encontrar Frederick, agora um capitão bem sucedido da marinha britânica. A partir daí, a história segue à maneira tipicamente austiniana. Supostos heróis que nas últimas páginas se mostram ambiciosos vilões, arrependimentos, amigas, parentes ou agregados não tão mansfield parkconfiáveis, etc.

Mas, voltando à edição da Landmark, a obra, que por muitos é considerada a mais madura de Jane Austen, com sua ironia afiada como nunca, acaba perdendo muito de seu valor por conta de uma tradução bastante deficiente, que aparece no nome de Fabio Cyrino. As falhas são muitas. Passando pelas páginas, que mais parecem folhas de jornal, não é difícil encontrar erros de concordância, aspas que não fecham – isso quando não estão em lugares onde não deveriam estar – vírgulas substituindo ponto final, e por aí vai.

Além disso, o texto foi traduzido de maneira excessivamente literal. O que era leve e fluente em inglês, fica truncado e burocrático em português. Um crime contra uma autora conhecida pelo grande domínio da língua. A sua ironia, bom humor e fineza no trato com a escrita ao retratar as diferentes classes sociais se perdem em meio a todos esses defeitos.

Tudo isso ganha proporções ainda maiores em uma edição bilíngüe. O texto original está logo ali ao lado, implorando por uma comparação do leitor e escancarando ainda mais as falhas presentes na tradução. Para piorar, há uma acusação de plágio de uma edição portuguesa da Europa-América. É como se fosse aquele aluno que cola de quem tira zero.

Ter a oportunidade de possuir a obra completa de Jane Austen – apesar daquelas capas que desconsideram completamente a existência de fãs homens – é de enxer os olhos dos mais e até dos menos fanáticos. Mas qualquer admirador ou interessado preza pela qualidade do que está lendo. E aquele que se iniciar na prosa austiniana pela versão da Landmark de Persuasão certamente não será motivado a se aprofundar.

Por via das dúvidas, leitor, não compre os novos títulos da editora. Não se arrisque, aposte naquilo que é certo: Leia Orgulho e Preconceito ou Razão e Sensibilidade. Terminará a leitura encantado, eu garanto. Só então enfrente o perigo. Se a editora pisar na bola de novo, você saberá que o alvo das pedradas será a Landmark – e não Jane Austen.

Por Rafael Cabral

As farpas entre Saramago e Lobo Antunes já se assemelham às mais severas divergências ideológicas. São, no entanto, quase sempre vazias de conteúdo.

As farpas entre Saramago e Lobo Antunes já se assemelham às mais severas divergências ideológicas. São, no entanto, quase sempre vazias de conteúdo.

Como é medíocre a eterna briga entre os escritores lusos José Saramago e Lobo Antunes. Aliás, mais que medíocre: vazia. Saiu há pouco na New Yorker um artigo de Peter Conrad por conta do lançamento nos Estados Unidos de Que farei quando tudo arde, de Antunes. Imagine você qual o foco do texto do crítico australiano. Claro, a rixa. Inovador.

O começo da troca de sopapos eu não sei bem quando se deu. Mas fica claro que as divergências aumentaram quando Saramago se tornou o primeiro escritor de língua portuguesa a ganhar o Prêmio Nobel, em 1998. A história já é clássica. Os jornalistas do Times, ao ligarem para Lobo Antunes pedindo por uma opinião sobre a premiação, não receberam mais que um longo silêncio. E tossidas nervosas. E mais silêncio. Por fim, alegando que a ligação estava ruim, Lobo Antunes bateu o telefone. 

Os partidários de Lobo Antunes não cansam de apontar para os suecos que eles premiaram o gajo errado. Ao que os ferrenhos defensores do autor de Ensaio Sobre a Cegueira não respondem com mais do que o desdém. Inveja pura, dizem. Em troca, os ‘lobistas’ arremessam críticas à personalidade de Saramago. Soberba. Orgulho. Ego. As obras? Todas repletas de pseudo-universalismo fácil.

Falei de ‘partidários’ e não foi por acaso. Os fãs de um atacam principalmente a pessoa do outro. Não a obra. O que é isso senão a imagem dos partidos políticos de depois que se espatifou o Muro de Berlim? Não existem critérios para a discordância. Existe apenas a discordância. Ponto.

Formaram-se duas legendas de admiradores, cuja única preocupação parece ser enxotar a parte contrária e diminuir os trunfos do escritor rival. Pouco levando em conta as diferenças estéticas que, de fato, existem entre os dois. Existem e são claras. A palavra é de Conrad, livre e porcamente traduzido por mim:

Seu país, acanhado, pode não ser grande o suficiente para os dois homens, mas a partir de uma certa distância esse feudo dificilmente importa. Bons novelistas são únicos, o que os faz incomparáveis. Saramago é um mago do bem cujas ficções conseguem, com um sorriso, suspender a realidade. Lobo Antunes é mais como um exorcista, freneticamente lutando para expulsar o mal e para curar o corpo político.

As parábolas seculares de Saramago, que têm lugar principalmente em países não-identificados ou imaginários, facilmente flutuam para a universalidade. Lobo Antunes permanece obsessivamente local, preocupando-se com as doenças herdadas da história portuguesa e as deficiências de sua própria cultura. 

Ele é como o Stephen Dedalus de Joyce, jogando sobre si todas as desgraças da Irlanda como forma de se tornar uma consciência nacional, lembrando os seus recentemente europeizados e prósperos compatriotas de seu passado vergonhoso – um legado de culpa deixado tanto pela ditadura de António de Oliveira Salazar, que governou o país de 1932 até 1968, quanto pela brutalidade nos seus domínios coloniais na África.

Os portugueses oficialmente decidiram esquecer essa era de sufocante opressão, quando a Igreja Católica santificou as estruturas do Estado fascista.  Lobo Antunes critica a covardia moral desses que toleraram a perseguição ou, silenciosamente, colaboraram com a polícia secreta de Salazar (…).

Um romance sempre revela o mundo dentro da cabeça de alguém. No caso de Lobo Antunes, esse mundo é do tamanho de um país – pequeno e marginal, talvez, mas repleto de vilania e vício, e tão coberto de feridas quanto uma enfermaria superlotada de hospital.

 

Pessoalmente, não faço parte das fileiras de nenhum dos dois. Se me fosse dado o direito ao voto em Portugal, mantendo a metáfora política, depositaria minha confiança em Miguel Esteves Cardoso – que, aliás, já foi candidato. Fora da metáfora. Um ano antes do meu nascimento, em 1987, pelo Partido Popular Monárquico. Mas sobre o autor de o O Amor é Fodido eu falo em outra ocasião.

E no caso de o meu delírio acabar em uma disputa de segundo turno entre o Nobel e o ‘Eterno Nobel’ (como chamam Lobo Antunes)? Sim, eu faria uso da prática moralmente duvidosa de escolher o ‘menos pior’. Pena que o voto é secreto. Seja em Portugal, seja no Brasil.

Secreto, mas eu revelo aqui. Falando baixinho. Mesmo temendo pelo apedrejamento do lado de lá, escolho Saramago. O homem costuma acertar quando desiste de tentar arrastar consciências para suas escolhas políticas duvidosas. Saramago é bom assim, como os partidos políticos modernos: vazio ideologicamente.

Memorial do Convento ou O Ano da Morte de Ricardo Reis são grandes livros. Assim como o mais recente, A Viagem do Elefante, que faz um belíssimo retrato da condição humana ao narrar o trajeto do elefante do título – Salomão, o nome – por países sem fim até chegar à Áustria, onde servirá de presente para o arquiduque Maximiliano.

Para Lobo Antunes, recomendo que continue a esperar o Nobel que teima em não vir. Enquanto espera, não faz mal algum aproveitar o cachê certamente polpudo que vai ganhar com sua participação na Feira Literária Internacional de Paraty de 2009. Onde, aliás, ele certamente será aplaudido de pé – como todos que lá falaram, falam e falarão.

Quanto a Saramago, o problema maior reside nas suas parábolas recheadas do mais primário didatismo, como este Ensaio Sobre a Cegueira que a versão cinematográfica consegue superar em mediocridade. É politicamente infantil. Moralista. Permeado da mais empoeirada grandiloqüência. Quando mira, intencionalmente, no tal “universalismo” que Conrad destaca positivamente, Saramago erra feio. E atinge a própria testa.

Por Luiz Betti

Edição norte-americana de Crônica De Uma Morte Anunciada.

Edição norte-americana de Crônica de Uma Morte Anunciada.

Gabriel García Márquez, escritor colombiano ganhador do Nobel de Literatura em 1982, foi vítima de uma trapalhada jornalística nas últimas semanas.

No fim de março, o diário chileno La Tercera entrevistou pessoas próximas de Gabo que afirmaram que o autor de Cem Anos de Solidão estaria prestes a se aposentar e, no dia primeiro de abril, surgiram ainda boatos de que o próprio admitira a sua retirada. Em resposta, G. M foi ao jornal El Tiempo e não apenas disse que não fechará a produção, como  afirmou também que não faz outra coisa senão escrever.

Considerado um dos criadores do realismo fantástico – e também conhecido por ser um dos maiores admiradores do cantor Nelson Ned, García Marquez deu a entender que a tinta de sua pena ainda não secou: “Meu ofício não é publicar, mas sim escrever”.

Para quem ainda não conhece o estilo indefectível do autor, uma boa obra de iniciação é o romance Memórias de Minhas Putas Tristes, de 2004. Na história, um promíscuo senhor de idade decide, em seu aniversário de 90 anos, presentear-se com a virgindade de uma jovem de 14. Porém, o ancião descobre na ninfeta muito mais do que a fuga para a sua solidão: o amor puro, incondicional e verdadeiro.